Olá, obrigada por estar aqui testemunhando o que finalmente pode vir a ser um projeto pessoal!
Esses dias consegui admitir que, desde 2012, nunca houve um ano sequer em que não cheguei em dezembro pensando que gostaria de ter criado um blog naquele ano. Quando estava em parafuso no fim do ano passado, pensando no que fazer com a minha vida, meu namorado pediu para eu falar a primeira coisa que viesse à minha cabeça para responder à pergunta “se você pudesse escolher qualquer lugar para trabalhar ou qualquer coisa para fazer profissionalmente sem impedimento financeiro, de tempo ou de reconhecimento, o que seria?”. E a imagem borrada de um blog foi o que apareceu.
Blogs foram uma paixão da minha adolescência/entrada na vida adulta. No Blogspot e no Wordpress, fui estimulada pela limitação dos templates prontos a tentar entender um pouco de html e css e customizar minhas fontes e fundos. Fui me arriscando a mudar o layout do menu, instalar plugins e mexer no código para mostrar uma foto de um jeito diferente ou tentar copiar a parte de galeria de looks do Le Blog de Betty. Escrevia sobre moda como se trabalhasse em uma redação e alguns dos meus posts chegavam a ter mais de 200 comentários. Talvez fosse comum na época, mas quando penso nisso hoje acho completamente surreal.
Até que um dia apaguei alguma linha de código que não deveria e perdi acesso ao meu último blog. Não foi uma experiência traumática, eu consegui recuperar ligando na Locaweb e pedindo pelo amor de deus pra me ajudarem enquanto eu fingia que sabia o que estava acontecendo. Depois disso, não consigo me lembrar de mais nada desse blog. Eu entrei na faculdade de jornalismo, ter um blog de moda começou a me dar vergonha (ou talvez o meu blog me desse vergonha), consegui um estágio e ele sumiu (sumiu mesmo, não existe mais nenhum registro na internet porque, provavelmente, em um dia de extrema vergonha alheia de mim mesma, devo ter apagado tudo).
Mas o que seria um blog em 2022? Os blogs de moda que eu costumava acompanhar, como o Man Repeller, viraram sites com grandes equipes (nesse caso, ele também acabou sendo cancelado nos dois sentidos atuais da palavra), meninas que começaram a postar looks do dia nas redes sociais receberam o nome de blogueiras mesmo não tendo um endereço nas plataformas que eu usava, e as blogueiras que de fato tinham um e sobreviveram aos anos seguintes passaram a ser chamadas de influenciadoras quando o Instagram ficou muito popular. Agora, temos jovens que falam de moda para um séquito no TikTok. Seriam esses os blogs de hoje? Não sei, mas já pensei muito em fazer uma pauta sobre isso quando eu estava na ELLE (talvez possa desenvolvê-la nesta newsletter).
De qualquer forma, eu ainda sinto falta do blog de quando eu tinha um (e também uma nostalgia estranha dos blogs que eu não vivi do começo da internet). O Instagram e o Twitter têm limite de caracteres, de fotos, limite de tudo. Eu amo editar vídeos, mas fazer um TikTok me parece muito intenso – e, claro, tem toda a questão de algoritmos e entrega dessas empresas que não vou entrar no mérito (agora). Escrever é definitivamente mais natural para mim. E na profusão de plataformas dos últimos anos, foram as newsletters que mais me desencadearam essa sensação. Elas têm espaço para bastante texto e, no limite, sempre estiveram aqui, são sobreviventes. Foram odiadas por um período porque foram confundidas com e-mail marketing, mas voltaram gloriosas, talvez gloriosas demais (o Substack deve ser uma bolha pronta pra estourar).
Cheguei a pesquisar muitas possibilidades de blogs em 2022 e venho trabalhando privadamente em uma espécie de blog há alguns meses (odeio fazer suspense, é que realmente ainda é uma ideia muito inicial), mas a verdade é que se eu for esperar até me sentir segura para colocá-lo no mundo, essa súbita coragem de escrever e me comunicar vai passar, e 2022 vai acabar virando mais um ano em que eu gostaria de ter tido um blog e não tive.
E tudo bem. E-mail é a minha forma de comunicação preferida desde que um professor da faculdade disse para minha turma no primeiro dia de aula que ele ainda não tinha sentido a necessidade de pensar em um novo esquema para falar com os alunos, que o tempo do e-mail era perfeito para ele. Isso foi em 2011, mas essa frase grudou na minha cabeça. A gente pode criar coisas mais rápidas, mas será que a gente precisa? Eu com certeza não.
A verdade é que eu sempre quis ter algum pedaço de terra digital com a minha cara para compartilhar a experiência de ser mais um humano na Terra, uma esquina da internet para chamar de minha, e enquanto ela não vem 100%, esta newsletter pode, por que não, compilar a minha existência na internet.
O que esperar desta newsletter?
A tentação de deixar tudo mais solto ainda é grande, mas acabei de completar seis meses de ano sabático e criar esta newsletter também é uma tentativa de dar um pouco mais de forma para os meus dias. Sair do 100 km/h para o 0 km/h foi incrível e eu penso todos os dias em como gastar menos dinheiro para fazer este ano durar mais, mas não tenho como negar que às vezes sinto a pressão da mudança brusca de velocidade. Por isso, quero me comprometer a mandar 24 textos por seis meses, um por semana até o fim deste ano – olhando agora parece uma meta ambiciosa demais para uma pessoa que passou os últimos 180 dias basicamente jogando The Sims.
Nesses textos, vou compartilhar pensamentos inacabados, indicar links, reclamar ou exaltar coisas (espero que mais exaltar do que reclamar, mas reclamar é mais provável), buscar conselhos, compartilhar aprendizados, aprimorar minha escrita, escrever sobre temas que sempre quis e nunca encontrei onde ou como, falar muito de questões millennials (desculpe), internet, redes sociais, trabalho (ou a falta dele), talvez moda (não sei se ainda sei falar disso), costura, comida, the sims, e o que mais surgir (sempre com a garantia de muitos parênteses). Ela vai ser útil para mim, que vou ter um registro do meu período sabático, e talvez para você se a) você for um amigo que nunca mais ouviu falar de mim e quer saber se eu estou realmente viva, b) você for alguém que me seguiu no Instagram em algum momento do meu período na ELLE na esperança de ver qualquer tipo de conteúdo e se sentiu enganado por eu só postar uma vez a cada eclipse lunar ou c) minha mãe, que vai finalmente conseguir saber mais sobre o que se passa na minha cabeça.
Obrigada mais uma vez por ter se inscrito e estar aqui lendo um texto enorme sobre mim.
Nathalia
naty <3
que delícia te ler!
Sem dúvida sou a pessoa que não te vejo e não sei de você a tempos, porém me importo muito até hoje com todo seu sucesso e vou com certeza passar sempre por aqui. Acho você sensacional Nathy, nao sei porque mas sempre que penso em você.. parece que sinto que daqui uns anos vou te ver na tv ou em um jornal e falar orgulhosa: mano passei minha adolescência grudada nessa mulher, minha "bff" ela é foda hahahaha. Cuide-se e tô por aqui de olho e torcendo sempre :*